Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Toda a discussão relativa a Pontos de Carregamento também conhecidos por EVSE (Electric Vehicle Supply Equipment) vem para aqui.
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mjr
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 01 dez 2024, 08:40

Claro que não é linear, mas a diferença existe. Sim, o facto de em Portugal termos menos SUCs e MUITOS mais carros por área ou per capita, faz baixar a estrutura de custos operacional, especialmente ao nível da potência. Mas eu continuo a achar a diferença demasiado elevada, acho que não explica tudo...

Sobre o CEME Iberdrola é fácil, basta usar outro CEME. Como temos liberdade de usar a eletricidade que quisermos em todos os postos, independentemente de serem do operador A ou B, torna a questão do preço CEME pouco relevante pois podemos usar sempre o mais barato. E de notar que o CEME mais barato no posto A também o será no posto B ou C, não é preciso andar a fazer contas (não conto com CEMEs que cobram por tempo, obviamente), exceto em condições muito específicas relacionadas com a maneira como tratam a tarifa EGME em carregamentos de pouca energia.

E é por isso que defendo o modelo híbrido, onde poderá haver a tarifa local do posto, preço único pago por cartão bancário ou cartão do OPC/CEME, mas com roaming obrigatório através da tarifa CEME. Dá mais liberdade ao utilizador. No entanto, como acho que já disse muito atrás neste tópico, já ficava satisfeito com a existência (apenas) de pagamento por cartão bancário no posto, embora ache que o modelo híbrido seja mais vantajoso para o utilizador e para a aumentar a concorrência.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por Nonnus » 01 dez 2024, 09:40

mjr Escreveu:
01 dez 2024, 08:40

E é por isso que defendo o modelo híbrido, onde poderá haver a tarifa local do posto, preço único pago por cartão bancário ou cartão do OPC/CEME, mas com roaming obrigatório através da tarifa CEME. Dá mais liberdade ao utilizador. No entanto, como acho que já disse muito atrás neste tópico, já ficava satisfeito com a existência (apenas) de pagamento por cartão bancário no posto, embora ache que o modelo híbrido seja mais vantajoso para o utilizador e para a aumentar a concorrência.
Isso era meio caminho andado para o mercado se ajustar aquilo que o UVE desejava. Embora eu ache que não era 100% vantajoso para o OPC. Continuava-se a ter o problema do investimento de uma das partes e a facturação em certos cenários de outra parte. Na minha opinião será sempre estrangulador de grandes investimentos na infraestrutura por parte do OPC.

Do lado do CEME se calhar também deixava de haver interesse em operar, porque se deixassem de ter só que fosse 30% da facturação porque o UVE optava por pagar ao OPC (fosse através de cartão cliente, cartão bancário, etc) deixava de justificar. Olha conseguir-se usar cartões como o Kia charge, BMW, etc nos mesmos moldes do resto da Europa, se calhar o CEME ia ter um decréscimo demasiado pesado para justificar a continuidade de alguns.

Pode-se nesta fase dizer que por exemplo iam ter acesso ao Continente, ou aos SuCs, mas se calhar as perdas eram muito maiores porque iam perder nos restantes.

Mas entre o que temos e um modelo híbrido nesses moldes também preferia o modelo híbrido. Depois era ver o mercado ajustar-se.
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BrunoAlves
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 01 dez 2024, 10:44

mjr Escreveu:
01 dez 2024, 08:40
Sobre o CEME Iberdrola é fácil, basta usar outro CEME
Sim e não. Não estavas a comprar uma "marca" com a realidade do país ao lado? Eu estava a comparar outra "marca" com o país ao lado.
Por outro lado isso é um argumento que eu não consigo aceitar. Tu, eu, este grupo de pessoas faz isso (e mesmo eu faço isso de forma muito limitada, tenho apenas 3 ou 4 CEME/eMSP).
Continuo à espera de conseguir traduzir os números CEME# da Mobie em nomes para mostrar que há muito mais pessoas a usar o "CEME errado à hora errada", do que o contrário.
A maioria das pessoas não faz isso. Pagam muito mais do que podiam pagar se os preços fossem transparentes.
Fala-se muito em frotas, cada colaborador tem meia dúzia de apps/cartões para escolher o melhor em cada momento? Não tem.
mjr Escreveu:
01 dez 2024, 08:40
mas com roaming obrigatório através da tarifa CEME
Sugeria ver o vídeo que referi na página anterior (e que já tinha colocado há uns meses): os serviços legais da CE desaconselharam o roaming obrigatório e foi por isso que este saiu do AFIR.
Ou caminhamos para uma operação homogénea com a Europa ou insistimos em mantermo-nos orgulhosamente sós...
Até porque o nosso "roaming" não tem nada a ver com o roaming do resto do mundo...
Nonnus Escreveu:
01 dez 2024, 09:40
Mas entre o que temos e um modelo híbrido nesses moldes também preferia o modelo híbrido. Depois era ver o mercado ajustar-se
Não existe modelo híbrido nenhum, nem pode haver. O que se propõe como "híbrido" é o que se passa atualmente: uma operação vertical transvestida onde continua a ser obrigatório o aluguer do posto. Em lado nenhum o CPO pode fazer o que o AFIR preconiza e está bem explícito naquele vídeo: providenciar um serviço de carregamento que vai muito para além do puro fornecimento de eletricidade, sem ter que ser ator do mercado energético, comprando energia como matéria prima e que depois fornece como parte do serviço de carregamento...

E em relação ao roaming passem Espanha e verão que isso é um não problema. Acesso a virtualmente todos os carregadores do país com um acesso único é "tão natural como a sua sede". E em Espanha ou para lá de Espanha, facilmente mais barato que em Portugal sem ter de procurar o "CEME certo à hora certa com o carro certo"
Se forem conduzir, não bebam. Se forem beber, chamem-me!!! :D

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por Nonnus » 01 dez 2024, 13:56

BrunoAlves Escreveu:
01 dez 2024, 10:44
Nonnus Escreveu:
01 dez 2024, 09:40
Mas entre o que temos e um modelo híbrido nesses moldes também preferia o modelo híbrido. Depois era ver o mercado ajustar-se
Não existe modelo híbrido nenhum, nem pode haver. O que se propõe como "híbrido" é o que se passa atualmente: uma operação vertical transvestida onde continua a ser obrigatório o aluguer do posto.
Eu sei que não existe, mas ideia já surgiu e pelos visto já deve ter sido proposta (Continente!?). Vendo a aptidão que temos para "inovar" parece-te tão descabido que consigamos fazer mais uma vez o que ninguém fez?

Como referi não é o melhor de dois mundos, mas ao que temos seria um passo para termos um sistema igual aos restantes. Acredito que inevitavelmente muitos CEME´s iriam desistir e os OPC´s acabariam por ser donos daquilo que é deles.

A questão da EGME sinceramente para mim é uma não questão, desde que houvesse maneira do OPC garantir o carregamento mesmo quando o sistema central cai e não ficarmos todos apeados. Tirando a parte do valor que temos que pagar para a manter. Who cares?
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 01 dez 2024, 17:50

Nonnus Escreveu:
01 dez 2024, 13:56
Eu sei que não existe, mas ideia já surgiu e pelos visto já deve ter sido proposta (Continente!?)
Eu não conheço nenhuma proposta do continente, nem tão pouco nenhuma vontade deles em abraçar um modelo híbrido, que lhes retire o controlo total da operação do posto. A mim nunca falaram nisso, mas é possível que em determinadas alturas se fale com pessoas diferentes com visões diferentes. Não sei.
A única coisa oficial que conheço é a participação da Elergone (que é a entidade que verdadeiramente opera a rede continente) na consulta pública da AdC
https://www.concorrencia.pt/sites/defau ... nergia.pdf
E não vislumbro ali rigorosamente nada que sugira a preferência por um modelo híbrido.
Nonnus Escreveu:
01 dez 2024, 13:56
A questão da EGME sinceramente para mim é uma não questão, desde que houvesse maneira do OPC garantir o carregamento mesmo quando o sistema central cai e não ficarmos todos apeados. Tirando a parte do valor que temos que pagar para a manter. Who cares?
De forma muito estrita, a exigência de se manter a possibilidade de operar um posto via EGME (ou seja o operador pode ter a tal "operar vertical transvestida" que há agora sendo CEME ou tendo acordo com um, enquanto é obrigado a permitir a venda de energia no seu posto) é contra os princípios do AFIR. Apesar de andarem há c'anos a "vender" que o AFIR copia o modelo nacional, a realidade (mais uma vez) mostra que há uma diferença entre o que se apregoa e o que é mesmo.
Isso e o facto de afastares operadores que não querem implementar um unicórnio tecnológico. Se eventualmente há OPC que não querem interagir com os clientes também há CPO que não querem não interagir. E a Powerdot opera postos em mais países e em nenhum trata diretamente com os UVE, por isso não há qualquer limitação a essa forma de operar, em qualquer lugar.
Mas concordo com o mjr no sentido em que não podes virar as regras todas de uma vez. Já por isso a proposta legislativa que entregámos à tutela anterior (e que foi olimpicamente ignorada...) previa a coexistência de ambos os "modelos". Essa proposta foi feita a mais de 1 ano e meio da entrada do AFIR, dava algum tempo para o mercado trabalhar e se adaptar ao que seriam as leis europeias.
Mas como em muitos outros casos, o "cumpra-se a lei" só serve quando há algo contrário ao modelo. Se for para o protelar, a lei já é muito elástica...
Em relação ao carregar quando o sistema central cai, é muito complexo...
- a legislação diz que o OPC deve permitir a carga e tratar da comunicação mais tarde, quando funcionar. A vasta maioria não o permite e eu entendo. Se eu lá passar o meu cartão da Zara eles depois vão cobrar o quê a quem?
- nos outros países, do que eu conheço se um posto não comunicar com o seu backoffice não permite carregar por apps ou RFID. A diferença pode ser o TPA, mas depende de como estiver a operar e configurado no posto.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por LFN » 05 dez 2024, 01:20

mjr Escreveu:
01 dez 2024, 08:40

Sobre o CEME Iberdrola é fácil, basta usar outro CEME. Como temos liberdade de usar a eletricidade que quisermos em todos os postos, independentemente de serem do operador A ou B, torna a questão do preço CEME pouco relevante pois podemos usar sempre o mais barato. E de notar que o CEME mais barato no posto A também o será no posto B ou C, não é preciso andar a fazer contas (não conto com CEMEs que cobram por tempo, obviamente), exceto em condições muito específicas relacionadas com a maneira como tratam a tarifa EGME em carregamentos de pouca energia.
Pois, há CEME´s mais baratos e mais caros, há horas mais baratas e mais caras, mas uma coisa é certa: o mais barato dos CEME para mim, utilizador individual, será sempre muito mais caro do que aquilo que o OPC pode obter comprando a energia por atacado para toda a sua rede. Logo, com CEMEs, o custo final será sempre mais caro para o utilizador final.

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoFonseca » 06 dez 2024, 14:59

ruramos Escreveu:
29 nov 2024, 09:37

Até ao dia 27 de novembro de 2024 podem ser enviados comentários ou apreciações sobre as propostas apresentadas pela ERSE, identificando a consulta a que responde ao introduzir o número da consulta no assunto da mensagem e em (eventuais) documentos anexos (Assunto: CP123 ou Consulta pública 123) para:
• Endereço eletrónico: consultapublica@erse.pt
• Morada postal: Rua D. Cristóvão da Gama 1, 3.º andar, 1400-113 Lisboa

[1] https://www.erse.pt/atividade/consultas ... C2%BA-123/
[2] https://www.mobie.pt/redemobie/detentores-de-posto
[3] https://www.e-redes.pt/pt-pt/o-que-e-o- ... ntrega-cpe
Segue o link para o contributo da UVE na referida consulta pública:
https://www.uve.pt/page/resposta-uve-co ... erse-2024/

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 17 dez 2024, 20:16

Resultado da consulta pública 123:

https://www.erse.pt/media/3t1d54qt/rela ... cp-123.pdf

Como aconselhado pela UVE e pela esmagadora maioria dos participantes, a decisão foi:

Considerando os comentários recebidos, a prevista alteração do regime jurídico da mobilidade elétrica,
bem como a identificação de outros impactos, não expressamente endereçados na proposta, a ERSE decide
pela manutenção da aplicação das TAR ME, sem alterações ao regime vigente
.
Nissan Leaf 40 Tekna preto, entregue em 30 de maio de 2018. 51400km em 2024-02-15
Nissan LEAF mk1 Preto, entregue em 7 de julho de 2011. 180000 km em 2023-12-22.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por Nonnus » 01 fev 2025, 10:00

https://canal.parlamento.pt/?cid=8389&t ... o-plenaria

Começa aos -1h32m40s

Vamos ver se é desta.

Identifico-me com a intervenção da IL. Era capaz de ser a minha intervenção.

Triste ver intervenções como do BE e PCP onde nem se quer falam sobre o real problema. O BE então, dizer o que disse e estar calado era a mesma coisa. O assunto é alhos falam em bugalhos. E assim se perde tempo. Vê-se bem que estão despertos para o problema.

Faço ainda referência a segunda intervenção do Chega onde se diz que resolver o problema é para hoje, não para amanhã.
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cfvp
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por cfvp » 01 fev 2025, 12:47

Nonnus Escreveu:
01 fev 2025, 10:00
https://canal.parlamento.pt/?cid=8389&t ... o-plenaria

Começa aos -1h32m40s

Vamos ver se é desta.

Identifico-me com a intervenção da IL. Era capaz de ser a minha intervenção.

Triste ver intervenções como do BE e PCP onde nem se quer falam sobre o real problema. O BE então, dizer o que disse e estar calado era a mesma coisa. O assunto é alhos falam em bugalhos. E assim se perde tempo. Vê-se bem que estão despertos para o problema.

Faço ainda referência a segunda intervenção do Chega onde se diz que resolver o problema é para hoje, não para amanhã.
Obrigado. De facto ouvi um bocado do BE e que cena estranha, não tem nada a ver. Eu já deixei de votar nesses 2 partidos há alguns anos, é sempre mais do mesmo.
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