"Os veículos eléctricos são uma alternativa aos combustíveis tradicionais. Veja o segundo capítulo da reportagem “A vida sem gasolina”.
Numa altura em que o preço dos combustíveis atingiu máximos históricos em Portugal, conheça a história de três portugueses que fintaram a crise ao optar por energias alternativas - Miguel Rodrigues, consultor informático, tem um automóvel GPL. Carlos Simões, técnico da EDP, usa diariamente uma scooter movida a energia eléctrica e António Fernandes, empresário, anda com um automóvel abastecido a óleo vegetal. Todos eles poupam muito dinheiro por mês, não precisam de andar quilómetros à procura do posto mais barato e já não lhes passa pela cabeça voltar a usar gasolina ou gasóleo.
Depois de, na semana passada, o Económico lhe ter dado a conhecer as vantagens e inconvenientes do GPL, hoje é a vez de lhe mostrar que os veículos eléctricos também podem ser uma alternativa.
A scooter eléctrica é melhor do que a Honda
Carlos Simões usa diariamente uma scooter eléctrica e deixa a Honda na garagem. Poupa anualmente 758 euros, que lhe permitem almoçar e jantar com os amigos sem olhar a despesas.
Carlos Simões, técnico de manutenção da EDP, tem duas motas: uma Honda CB 750 e uma scooter eléctrica. Com a primeira fartou-se de percorrer o país de lés a lés e nunca teve nenhum acidente. Com a scooter já teve a infelicidade de cair e partir um pé. Mesmo assim, na hora de optar, Carlos não tem dúvidas: "Obviamente prefiro andar na scooter eléctrica porque cada vez que ponho a trabalhar a Honda é um cheiro a gasolina que me irrita", diz o técnico.
A scooter é a menina dos seus olhos. Um amigo ofereceu-lhe a mota, danificada electronicamente, mas o técnico de manutenção teve paciência para a reconstruir e pô-la novinha em folha. "Como moro em Alfragide, uma zona mal servida de transportes, esta acabou por ser a melhor opção. Costumo ir a Lisboa diariamente para fazer compras ou ter com amigos", diz Carlos, de 60 anos.
Para o técnico da EDP existem três grandes vantagens deste tipo de veículo: reduz drasticamente os níveis de CO2 na atmosfera, gasta muito pouco combustível e proporciona uma grande mobilidade ao utilizador", sublinha. O técnico faz uma média diária de 40 km por dia para gastar a carga de 2,4 kilowatts. E, nem mesmo o tempo que demora a carregar a bateria, (entre 3h30 a quatro horas) o faz cair na tentação de pegar na Honda CB 750. "Carrego-a em qualquer ponto de 220 volts, normalmente na minha garagem, ou no ponto da Watt Drive em Belém", conta. Para nunca ficar sem energia, o técnico gere o depósito de forma minuciosa. Calcula previamente os trajectos que terá de percorrer no dia-a-dia. "É como gerir o nosso depósito de gasolina. Sei que se fizer mais dos que os 40 quilómetros diários fico pendurado na estrada", explica.
Rede MOBI E
Quando anda pela cidade, Carlos nunca tira os olhos do indicador de energia. "Vejo o ponto de situação e aproximo-me de um ponto de carregamento da Watt Drive ou da MOBI E. Depois coloco a scooter à carga e vou fazer a minha vida", conta. Também não há perigo de lhe roubarem a mota. Para pôr a scooter a trabalhar é preciso ligar a chave da ignição e introduzir um código.
Portugal é dos poucos países como uma solução nacional para a mobilidade eléctrica. A Rede Nacional de Mobilidade Eléctrica (MOBI E) começa a estar visível nas principais cidades do País. Por exemplo, Lisboa vai ter 687 pontos de carregamento de veículos eléctricos em funcionamento até ao Verão. No total, o projecto contempla a instalação de 1300 pontos de abastecimento normal e 50 pontos de abastecimento rápido - Porto, Braga, Guimarães e Leiria são algumas das cidades portugueses onde Carlos Simões já pode carregar a mota.
A tecnologia desenvolvida nesta rede permite ao utilizador localizar e seleccionar locais de carregamento, planear trajectos, saber o estado de carregamento do seu veículo, entre outras operações. A qualquer momento, através do seu computador pessoal ou do telemóvel, o utilizador poderá seleccionar as operações mais vantajosas, assim como analisar a factura de mobilidade com o objectivo de optimizar consumos.
Jantares mais requintados
Carlos só utiliza a Honda CB 750 quando tem de fazer uma viagem grande. "Como pertenço a um moto clube, quando tenho um encontro com os meus colegas uso-a. Esta é uma moto para grandes distâncias porque ainda não há a mobilidade eléctrica. Essa, quando houver, é a que eu prefiro." Além de não poluir o ambiente, a mota eléctrica tem ainda outra grande vantagem. "Tenho uma poupança anual de 758 euros em combustível. Com este dinheiro posso fazer mais almoços e jantares requintados com os meus amigos, e sem me preocupar com as despesas", acrescenta o técnico.
Quanto gasta com abastecimento eléctrico
-Consumo médio: 2, 4 KW/40km
-Quilómetros percorridos anualmente: 14 600
-Energia gasta num ano: 873,6 KW
-Custo anual: 98,28 euros (preço médio de 0,27 euros por KW)
Quanto gastaria se fosse a Gasolina
-Consumo médio: 1,5 l/40km
-Quilómetros percorridos anualmente: 14 600
-Litros num ano: 547,5
-Custo anual: 856,29 euros (preço médio de 1,564 euros por litro)
Poupança total anual: 758, 01 euros
Leia a última reportagem na próxima sexta-feira, dia 25 de Março."
Em: http://economico.sapo.pt/noticias/repor ... 13146.html